quarta-feira, 13 de maio de 2009

Persona

" Minha percepcao nao corresponde aos meus atos " <> a “mentira” da arte para representar a essência do viver. / A partir mesmo da complexa seqüência inicial, que resume - por meio de uma montagem aparentemente desconexa de imagens - o tema do filme: a relação simbiótica entre uma atriz que se recusa a falar e sua enfermeira, osmose que evolui para um neurótico processo de transferência (ou personificação, para ficar exclusivamente no terreno teatral).

Elisabeth Vogler (Liv Ullman), a atriz que subitamente interrompe sua fala em meio a uma representação de Electra (sintomático) é levada ao mutismo não exatamente por colapso nervoso, mas por puro voluntarismo. Internada numa clínica, ela recebe de sua médica um diagnóstico favorável e a recomendação de passar uma temporada à beira-mar (ao lado da enfermeira Alma, interpretada por Bibi Anderson).

No teatro, como diz a médica, ninguém se importa se você fala a verdade ou não. Basta atuar bem. Na vida real, o conceito de personagem como construção não faz o menor sentido.



"O cinema não é um ofício. É uma arte. Cinema não é um trabalho de equipe. O diretor está só diante de uma página em branco. Para Bergman estar só é se fazer perguntas; filmar é encontrar as respostas. Nada poderia ser mais classicamente romântico". (Jean-Luc Godard, "Bergmanorama")

Um comentário:

  1. Está vendo!
    E como disse... O Impacto!
    Aliás esta frase do Godard (logo de quem) diz exatamente o contrário do que temos tentado acreditar pra encarar de frente a realidade material(ista). Que o cinema é um ofício coletivo, onde a arte ficaria em segundo plano... mas quem se importa? blablabla.

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